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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ESTIMULAR A PRODUÇÃO ARTÍSTICA...


Desde muito cedo, o mundo é um campo de investigação para as crianças. Tudo vira objeto de investigação.Mole, duro, fino, grosso, macio, áspero, pequeno, grande. Os olhos e as mãos se movem rapidamente e narizes, orelhas, cabelos, óculos, brincos e chocalhos estão entre os “alvos” prediletos. E tudo passa pela boca. Nessa fase de descoberta, cabe aos adultos sinalizar o que pode ser experimentado. Na Arte, a experimentação é fundamental e esse espírito deve ser estimulado.Sabemos que os pequenos não fazem Arte porque não têm a intenção fazê-lo, mas o educador bem preparado pode realizar um bom trabalho. É freqüente na Educação Infantil focar os procedimentos. Ao potencializar as possibilidades de meios, suportes e ferramentas, fica mais fácil identificar marcas pessoais.



A tônica entre 1 e 2 anos é o movimento. Nessa fase, valem diversos suportes: superfícies lisas e ásperas, grandes e media, bidimensionais e tridimensionais e etc. A criançada pode pintar sobre paredes, azulejos, tecidos, plásticos...O mesmo vale para posição: sentado, em pé, deitado,com o papel na vertical ( na parede) ou na horizontal ( na mesa ou no chão). Apontar as diferentes maneiras de ocupar o espaço pode contribuir para que todos se lancem em novas pesquisas.


Entre os 2 e 3 anos, os pequenos apreciam cada vez mais coordenar o prazer motor com o prazer visual, ou seja, ver o resultado de seus gestos e movimentos. Em alguns casos, eles anunciam o que vão desenhar: Um super herói, um bicho, a mãe. Isso não significa que cumprirão essa intenção.


Nessa idade, o interesse está no como fazer não no que fazer. As cores têm muitos significados e os suportes poderão sugerir formas. O desenho vai se desemaranhando e a pintura passa a apresentar massas de cor separadas.


O momento é de favorecer os avanços tanto em direção à figuração como a não-figuração.


Enquanto as crianças exploram, os educadores devem socializar as descobertas para que as trocas ocorram.


Quando o adulto comenta o que os pequenos fazem, legitima e valoriza as conquistas, procedimentos devem ser considerados: ensinar desde cedo a comer com a colher e o pincel para pintar. Da mesma forma, a sopa serve para comer e a tinta para pintar. Nessa fase, não é bom apresentar a escova de dentes como ferramenta de pintura, pois a criança primeiro precisa conhecê-la em sua função original.


As propostas, na maioria das vezes, devem ser individuais, pois a crianças não trabalham em grupo, mas lado a lado. Como o processo mais importante que o produto, está totalmente liberado fazer e desmanchar. Nem tudo precisa ser exposto, mas algumas produções podem ser colocadas em murais baixos, para revelar a importância de apreciar. As próprias crianças nos mostram como o olhar faz sentido. Hoje, a quantidade de estímulos visuais é muito grande e um modo de ajudá-las a conhecer e selecionar o que lhes interessa é criar situações de observação e conversa partindo de imagens, como reproduções de obras, fotos, vídeos, postais, slides, transparências, desenhos e pinturas infantis. Observar imagens de artistas em seus ateliês, na relação com diferentes materiais, ajuda a ampliar as referências como apreciadoras de Arte e nas produções próprias.


Artigo  Revista Escola - Marisa Szpigel é formadora de professores em Arte e coordenadora do educativo do Instituto Moreira Salles, em São Paulo.